Informações gerais
O SETOR FERROVIÁRIO DE CARGA BRASILEIRO
Movimentação ferroviária — Toneladas Úteis
Em 2023, o setor ferroviário de cargas brasileiro apresentou uma evolução de 6,0% – 530,6 milhões de toneladas úteis (TU), em comparação a 2022 – 500,8 milhões de toneladas úteis (TU).
Em mais de duas décadas de concessões, as associadas a ANTF apresentaram um crescimento de 85% na movimentação de cargas pelas ferrovias, em relação a 1997 — época do início das concessões, quando foram movimentadas 287,5 milhões de toneladas úteis; tendo assim um crescimento anual médio de 2,39%, conforme apresentado no gráfico abaixo.
Produtividade (medida em Tonelada por Quilômetro Útil — TKU)
Em relação a produção ferroviária o setor também apresentou crescimento, sendo essa dimensionada pelo número de toneladas de carga movimentada a cada quilômetro. Em 2023, foram 389,5 bilhões de TKU (toneladas por quilometro útil), um crescimento de 5,0% em relação a 2022, 371,1 bilhões de TKU (toneladas por quilômetro útil).
Na sua série histórica, o setor experimentou sucessivos — e vigorosos, sempre acima do PIB — índices de crescimento, ano a ano. Desde o início das concessões, o crescimento em TKU foi de 183,9%, gerando um crescimento anual de 4,1%, conforme apresentado no gráfico abaixo.
Investimentos na malha concedida à iniciativa privada
Desde o início das concessões e até dezembro de 2022, as ferrovias já investiram mais de R$ 92 bilhões (valores correntes), que representam mais de R$ 156 bilhões se atualizados pelo IPCA. Esses recursos foram destinados, principalmente, para melhoria e recuperação da malha, compra e reforma de material rodante, e aquisição de novas tecnologias, capacitação profissional e qualificação das operações, entre outras áreas.
Material rodante
Com investimentos expressivos realizados em 2022, verificou-se um elevado crescimento na frota de material rodante. Em 1997, as ferrovias contavam com 1.154 locomotivas; em 2022, já somavam 3.100 unidades, representando um aumento de 169%. No mesmo período, o número de vagões passou de 43.816 para 112.640 — alta de 157%.
Redução do Índice de Acidentes
Em 2023 as ferrovias associadas à ANTF voltaram a apresentar queda no Índice de Acidentes Ferroviários – IAF, quando comparado ao ano anterior. Com 700 acidentes registrados (6,6% menor que em 2022), o IAF em 2023 foi de 10,46 acidentes por milhão de trem x km (5,5% abaixo do verificado em 2022).
Desde o início da concessão, a redução foi de expressivos 86,14% no IAF — mantendo-se, assim, os altos padrões internacionais de segurança.
Transporte “ecologicamente correto”
Um vagão graneleiro modelo HPT possui capacidade de transportar aproximadamente 100 toneladas de carga, o equivalente a cerca de três caminhões graneleiros (com capacidade aproximada de 33 toneladas de carga). Uma composição ferroviária composta por 120 vagões é capaz de transportar o equivalente a 368 caminhões graneleiros, ocasionando uma redução considerável da emissão de dióxido de carbono: segundo dados do Instituto de Logística e Supply Chain — Ilos, quando comparado ao rodoviário, o modal ferroviário emite menos cerca de 96% de dióxido de carbono (CO₂).
De acordo com dados do Sistema de Estimativas de Emissões e Remoções de Gases de Efeito Estufa (SEEG), em 2021 o modo ferroviário de cargas foi responsável por aproximadamente 2,9% das emissões nacionais de oriundas do setor de transporte de carga.
Geração de empregos diretos e indiretos
O número de empregos no setor (entre diretos e indiretos) cresceu 230% desde 1997: passou de 13.506 (naquele ano) para 44.698 em 2023.
Participação na Matriz de Transportes
Nesses mais de 26 anos de concessão à iniciativa privada, as ferrovias ampliaram a participação na matriz de transporte de cargas do Brasil — que corresponde hoje, de acordo com o PNL – 2035, a 21,5% de “share”. Mas ainda há espaço para crescer. Veja dados comparativos no gráfico abaixo:
O Brasil ainda apresenta baixa densidade da malha se comparado a países de dimensões continentais, como Canadá, Índia e China, e mesmo diante de seus pares na América Latina, como México e Argentina.
Fontes: Ministério das Ferrovias da Índia, World Factbook, Departamento de Transportes da África do Sul, Governo do México, Ministério dos Transportes da Rússia, Agência Nacional dos Transportes Terrestres.
Para se ter uma ideia da importância das ferrovias na logística, em 2023 mais de 90% do minério de ferro exportado chegou aos portos brasileiros pelos trilhos. O modo ferroviário responde pelo transporte de mais de 40% dos granéis sólidos agrícolas exportados e, no caso do açúcar, esse índice é de 49%, no de milho 39% e no transporte do complexo de soja (soja e farelo) as ferrovias transportaram 42% do volume exportado.
Intermodalidade
Apesar de o transporte de minério e carvão representar mais de 67% da produção ferroviária, as ferrovias têm diversificado suas cargas transportadas. A movimentação de contêineres, por exemplo, tem revelado uma expansão bastante positiva. Desde 1997, a movimentação de contêineres cresceu cerca de 165 vezes, com um aumento médio anual de 22,7%.
De toda forma, os contêineres transportados pelas ferrovias estão cada vez mais cheios. Em 2023, a produção de transporte foi de cerca de 4,13 bilhões de TKU (4,49 considerando cheios e vazios) contra cerca de 4,01 bilhões de TKU em 2022 (4,36 considerando cheios e vazios), representando um aumento de 2,99% na produção de transportes de contêineres cheios. Em Tonelada Útil (TU), o aumento foi de 3,6%.
Dados internacionais
As ferrovias — um dos meios mecanizados de transporte precursores na movimentação de cargas no mundo — ainda desempenham um papel fundamental na logística mundial. Muitas das principais economias do mundo têm a ferrovia como um dos meios básicos e eficientes de transporte de cargas.
Em 2021 as ferrovias dos Estados Unidos apresentaram um crescimento de 6,6% no transporte de cargas em comparação ao ano de 2020, e uma evolução de 4,9% no transporte de contêineres, de acordo a Association of American Railroads – AAR. A malha ferroviária norte-americana é a maior do mundo, com cerca de 140 mil milhas (aproximadamente 293,56 mil quilômetros).
Com uma representatividade de 81% na matriz de transporte, as ferrovias russas apresentaram em 2021 um aumento de 3,2% em relação ao ano anterior, de acordo com dados da Sea News.
Apesar de a malha brasileira ser pequena frente à malha desses países, as concessionárias de ferrovias de carga têm atingido um elevado ganho de produtividade graças aos investimentos crescentes e contínuos realizados nas duas últimas décadas e meia.
Fontes dados internacionais: